Outras Coleções 08 | Bicicletas - Caloi 10

Como nem só de vinil se faz coleção, hoje vou falar um pouco sobre bicicletas e, especificamente sobre a Caloi 10.
Há alguns anos atrás, fui contemplado com presentão do meu Tio Marlus e meu avô Mair. Eu ganhei uma Caloi 10 Standart 1976 original. Por isso, nesse post vou contar um pouco da história da Caloi 10, como você estimar a data de fabricação da Caloi e também como essa joia veio parar em minhas mãos.
Para começar, a Caloi 10 é uma marca brasileira de bicicletas. A produção iniciou em 1972 com bicicletas de 10 marchas (quem ainda não sabia o motivo do nome está explicado) com modelos de quadros em aço que perdurou por 25 anos. Durante este período foram produzidos os seguintes modelos Calo 10 Standart, Caloi DEZ, Caloi Sportíssima, Caloi 18 Titanium, Caloi Sprint, Caloi 10 Racer, Caloi 10 Profissinal, Caloi 15, Caloi Sprint RT, Caloi 10 Concorde, Caloi 10 Triathlon, Caloi 12, Caloi 12 Super Italy, Caloi Villa e por último Caloi Eddy Merckx.

Tipos de Caloi

Caloi 10 (Standart) – 1972 – 1990: Cubos em alumínio Sunshine sem blocagens, aros Ukairim, avanço e sistema de freios Dia-Compe em alumínio, pé-de-vela Sugino em aço cromado, câmbios SunTour (Spirt dianteiro/Honor traseiro), pedais KKT – tudo Made in Japan até aqui – catraca Maeda Industries Japan, guidão e canote em aço cromado, selim Caloi. Em 1978, com a saída de linha da Sportissima, a Caloi 10 Standart recebe itens desse modelo: blocagens Sunshine nos cubos e alguns modelos recebem guidão Dia-Compe em alumínio (raro), bem como outros chegam às lojas sem as blocagens. Em 1983 o modelo começa a perder suas peças importadas, ganhando itens do modelo mais básicos Sprint: coroas HPK (Japan) ou Duque (nacionais), pedais sem marca ou Ducor, banco Ducor-Caloi. Em 1987, com o fim do modelo básico Sprint se aproximando, a Caloi 10 recebe os câmbios Dimosil nacionais e cubos em aço. Ao sair de linha, em 1990, a Caloi 10 não é nem sombra do modelo de excelente qualidade que foi nos anos 70 e começo dos 80. Só o bom quadro permaneceu. A qualidade se faria presente nas séries especiais (abaixo).

Caloi 10 Standart 1976. Foto: Diego Kloss
Caloi DEZ – 1974 / 1975: mesmos itens da Caloi 10 Standart, apenas câmbio traseiro SunTour GT Power e trocadores com alavancas diferentes da mesma marca. Escrita no quadro era “DEZ” e seus adesivos eram diferenciados.

Caloi Sportíssima – 1976 – 1978: quadro japonês fabricado pela Araya, tubos em aço com diferente tratamento térmico e cachimbos diferentes, guias externas para conduítes de freio traseiro no próprio quadro. Os componentes são os mesmos da Caloi 10 Standart, mas os cubos contam com blocagens, o pé-de-vela, o protetor de raios traseiro e o o guidão, são inteiramente de alumínio. Além isso, tinha braçadeiras segurando um suporte para caramanhola no quadro, e era mais leve que a Caloi 10 e porém custava o dobro.

Foto: Dárcio Herrero
http://caloi10sportissima.blogspot.com.br

Caloi 10 Titanium 1978-79: raríssima série das bicicletas utilizadas pela equipe Caloi da época. Seu grupo era o Campagnolo Record. Era feita com tubos de Titânio e cachimbos em alumínio, sendo levíssima. Muito provavelmente o quadro era feito na Europa e apenas ganhava adesivos "Caloi" no Brasil.

http://pedaljpa.blogspot.com.br/2011/11/caloi-10.html

Caloi Sprint – 1979 – 1988: modelo mais básico e barato da Caloi 10 lançado para conter o avanço das Monark 10 básicas. Os primeiros modelos vinham com pé-de-vela HPK Japan, depois Duque nacional, cubos em aço comuns, aros em aço cromado nacionais, mesa, canote, guidão, sistema de freios, tudo em aço cromado nacional, pedais de plástico. Custava praticamente metade da Caloi 10 Standart. É um modelo comum de ser encontrado.

Foto: Osmar Empnotti
http://velhasbicicletas.blogspot.com.br/2010/04/caloi-sprint-10-1990

Caloi 10 Racer: as Caloi Racer foram produzidas no começo dos anos 1970, sendo exportadas para os EUA com o nome MUNDO CYCLES. Era a nossa Caloi 10 de 1972, mas com nome e grafismos diferenciados, importada pela Sears EUA. No quadro vinha escrito "product from Brazil - Caloi". Existiu, porém a série produzida em 1978 e 1979, na verdade o modelo Sportíssima com o nome Racer no downtube, mas acredito que foi apenas uma sobra de Sportíssimas que ganhou esse nome para liquidar o estoque. Rara versão.

Caloi 10 Profissional: modelo produzido em 1978. Na verdade é a mesma bicicleta utilizada pela equipe Caloi de ciclismo profissional, com quadro em tubos Columbus de cromoly e componentes top Suntour/Dia-Compe/Sugino.

http://mercadolivre.com.br

Caloi 15: feita em 1978 e 79, nada mais é que a Caloi 10 com pé de vela triplo, o que lhe dá mais 5 marchas na relação. Mais pesada, mas com relações mais curtas possíveis pela coroa menor, teve relativo sucesso, chamando mais a atenção pela novidade do maior número de marchas.

Foto: Michel
http://viagensdepaulopom.blogspot.com.br/

Caloi Sprint RT: modelo dos anos 80 que era a Sprint comum mas já toda nacionalizada, inclusive o sistema de câmbios, sendo os Dimosil nacionais.

http://mercadolivre.com.br

Caloi 10 Concorde – 1988: série que mostra um pouco do que fora a Caloi 10 Standart, que já nessa época estava toda nacional e a qualidade das peças japonesas se perdera por completo. A Concorde conta com coroas nacionais Dimosil e algumas vieram com câmbios Dimosil nacionais, outras com o sistema SunTour Spirt/Honor padrão “das antigas”. Seu diferencial são os cubos com blocagens Sansin e aros Tecnall franceses, bem como uma estranha blocagem de selim. A combinação de cores eram branca e azul com adesivos vermelhos, e branca e preta com adesivos em tons cinza. Seu defeito era ter os pedais em plástico das falecidas Sprint. Algumas vieram com suporte para caramanhola (braçadeiras) no quadro. Houve ainda as Concorde RT que eram modelos Sprint, básicos, com as cores da Concorde e adesivos diferenciados. Esse modelo RT é relativamente comum.

Foto: Retropedal
http://cariocaloi10.blogspot.com.br/

Caloi 10 Triathlon – 1985: bicicleta importada com quadro e garfo em cromoly produzido pela SunTour japonesa, grupo completo Shimano 600 de competição da época, recebia apenas os adesivos Caloi no Brasil. Apenas na cor azul metálica. Muitos afirmam que apenas 100 modelos foram importados e vendidos no Brasil, outros já falam em 200 unidades. É uma verdadeira bicicleta de competição à qual a Caloi somente aplicou o nome “Caloi 10” numa boa jogada de marketing, dando status à linha.

Foto: Jean Blon
http://www.dhbrasil.com.br/

Caloi 12 - 1989 a 1995: modelo de despedida dessa clássica bicicleta, último estágio evolutivo dos quadro de aço da Caloi. Tinha ótimos componentes, relembrando novamente a qualidade das primeiras Caloi 10 da década de 70, mas cobrava por isso. Coroas Sakae SX Japan com braços em alumínio, catracas Regina Italy, aros em alumínio Araya 700, câmbios SunTour Accushifit 2000, trocadores no quadro, freios Dia Compe Japan, canote e avanço SR em alumínio e guidão em alumínio, pedais MKS Japan em alumínio, cubos Sansin SE com blocagens, selim Iscaselle Italy. Apesar de poder vir em outras cores o modelo cor chumbo é sem dúvida o mais comum.

Foto: Israel Vilela Rezende

Caloi 12 Super Italy – 1995-1997: trata-se de outra bicicleta, com quadro e garfo Gipimemme Italy em cromoly, grupo Gipiemme italiano, que na época rivalizava com a Campagnolo! Freios, cubos, câmbios, coroas, tudo Gipiemme; recebia também um garfo Gipiemme, cromado e mais leve que o padrão, resultando em uma bicicleta mais leve. O conduíte do freio traseiro passava por dentro do top tube, padrão italiano. Guidão e avanço Ciclomam em alumínio e aros Jorsin em alumínio. Cores azul metálico, rosa metálico, verde claro metálico, branco craquelê. Bicicleta considerada de alto nível, depois dessa viriam as Strada em alumínio. As Super Italy são mais um clássico caso de uma bicicleta semi profissional produzida por terceiros que apenas recebia o nome Caloi no quadro.

Foto: Luiz
http://www.pedal.com.br/


Caloi Villa - 1992-1994: Pouco conhecida, é o quadro e componentes da última Caloi 10 (de 1990), mas com guidão reto, febre no despontamento das MTB nacionais. Trata-se, portanto, de uma híbrida. Em fins de 1993 ganha garfo próprio, bem como componentes comuns à linha Aspen, como câmbios, freios e pé de vela, mas nada top de linha. Em 1995 ela dá lugar à Caloi ATB, no mesmo padrão de cores e grafismos, mas esta é outra bicicleta, sem qualquer parentesco com a Caloi 10, como a Villa tem.

Foto: Engefas
http://www.pedal.com.br/

Caloi Eddy Merckx – Anos 90: modelo feito pela empresa de Eddy Merckx (Bélgica) que, em associação com a Caloi brasileira, permitiu que a empresa colocasse seu nome nas bicicletas, resultando numa das mais belas bicicletas dos anos 90. O quadro e garfo em cromoly era muito leve e recebia componentes top da Campagnolo ou Shimano. Há versões com alavancas de câmbios no quadro e versões com os STI modernos. Equipou a equipe Motorola norte americana no início dos anos 90 onde um tal de Lance Armstrong pedalava. Essa bicicleta chegou a ganhar muitas corridas de renome e realmente alavancou muito o nome “Caloi”. Muito tempo depois ainda era vista em corridas. A beleza de suas linhas clássicas combinadas com sua bela pintura a tornaram também sucesso estético junto aos ciclistas, sempre atraindo muito a atenção. Foi o supra sumo dessa série originada nas Caloi 10 e é, junto das séries Titanium e Triathlon, as únicas “Caloi 10” a receberem status de top!

Foto: Ronaldo Ronaldeth 

Caloi 10 - 2012: A Caloi 10 está sempre sendo renovada pela equipe de desenvolvimento da Caloi, mas a qualidade é sempre a mesma. É a Caloi 10 clássica com novo grafismo, pintura fosca e adesivos em clear coat (mais durabilidade e resistência). Ideal para quem quer iniciar nos treinos de speed ou passear com estilo.

Caloi Sprint 10


Caloi Sprint 20


Como descobrir o ano da sua Caloi
Trago aqui neste texto 3 maneiras de fazer a datação da bicicleta Caloi 10, todas baseadas nos códigos das peças. Portanto se sua Caloi 10 não possuir mais as citadas peças originais, esses métodos não darão certo. Da mesma forma, algumas Caloi 10 e modelos mais simples, como as Sprint, Sprint RT, etc., não possuem algumas das peças citadas, pois a fábrica optou por peças mais simples e/ou de fabricantes nacionais. Com isso, esse texto visa possibilitar a colecionadores ou proprietários deste modelo de bicicleta uma forma mais exata, séria e profissional em atribuir uma idade aos modelos.

1) Câmbios SunTour Honor/Spirt
O kit padrão das Caloi 10, possuem duas letras na parte traseira do paralelogramo do câmbio traseiro (Honor), bem como na parte interna do trocador dianteiro (Spirt). A primeira letra é referente ao ano da peça, e a segunda letra, referente ao mês de produção. Para os anos: N – 1971, O – 1972, P – 1973, Q – 1974, R – 1975, S – 1976, T – 1977, U – 1978, V – 1979, W – 1980, X – 1981, Y – 1982, Z- 1983, A – 1984, B – 1985, C – 1986, D – 1987, E – 1988, F – 1989, G – 1990, H – 1991, I – 1992. Para os meses: A – janeiro, B – fevereiro ... L – dezembro.


Nas fotos um exemplo de câmbios com código SJ. S refere-se ao ano de 1976; J ao mês de outubro


2) Manetes de freio Dia-Compe
Na parte interna do chamado “descanso” dos freios, aquele prolongamento para facilitar a frenagem, consta o mês e o ano de produção da peça. Aqui um exemplo de 01 81, ou seja, janeiro de 1981.


3) Mesa Dia-Compe
Pouco abaixo do chamado “limite” para ajuste dessa peça consta grafado mês e ano de produção da peça. Aqui um exemplo 08 76, ou seja, agosto de 1976. É bom lembrar que é normal haver certa disparidade entre as datas de câmbios, manetes e mesa, mas esta disparidade fica no plano de meses. Caso seja muito grande é sinal de que peças já foram trocadas. Este sistema é útil para dar uma data aproximada para a bicicleta.

Foto: Diego Kloss


Como eu ganhei minha Caloi 10
Agora vou falar como a Caloi 10 veio parar em minhas mãos.
Há mais ou menos um quinze anos atrás, meu avô para variar, achou essa Caloi 10 no lixo, acreditem se quiser, no lixo. Meu avô passou a bicicleta para o meu tio, que trocou a câmara e deu uma ajeitada nos cabos, freios e marchas, mas no fim ela acabou ficando na oficina do meu avô. Eu sempre passava por lá, dava uma olhada nela, via que estava com o pneu murcho e ressecado, mas nunca me interessei pela bicicleta.
Sempre quis uma bicicleta antiga, procurei em sites de compra, fui em algumas lojas de usados, mas as bicicletas restauradas acabam saindo mais caras que as novas, por isso acabei desistindo da ideia.
Num dia desses, estávamos meu tio, meu primo e eu na oficina e resolvi perguntar para o meu tio se ele queria vender a Caloi 10. Ele disse, eu não vou usá-la pode levar.
Não pensei duas vezes, já dei um jeito de colocar no carro e trazer para casa. Lavei, limpei direitinho e no final de semana já levei na bicicletaria do bairro para fazer um orçamento.
Tinha que trocar ou pneus (os antigos estavam ressecados e partidos), as câmaras furadas e os cabos do freio e marcha, além de ajustar o quadro e as rodas.


Foto: Diego Kloss

No final das contas acabei gastando R$ 130,00, muito longe do que eu iria gastar comprando uma bicicleta usada. Também comprei equipamento importantes como luva, capacete e farol dianteiro e traseiro, para andar a noite. Agora não largo mais a minha Caloi 10 Sportíssima 1976.
Também queria datar a bicicleta, acabei encontrando essas informações que acho uteis para os apreciadores da Caloi 10.

Fontes: http://oficinadasclassicas.blogspot.com.br

http://pscycle.wordpress.com