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Em escala bem menor e não de forma tão avassaladora, as fitas K7 estão ganhando um pequeno espaço no mercado de mídia sonoras. Um mídia até então extinta, após o advento do CD na década de 1990, as fitas vem retornando no Brasil e no mundo e estão atraindo novos e velhos colecionadores.
Os dados são da americana Nielsen que reportou a venda de quase 130 mil unidades em 2016, o que já representava um crescimento de mais de 70%. Numa pesquisa mais recente, temos um novo crescimento, agora de 35% sendo 174 mil unidades vendidas em 2017.
Esse sucesso de vendas tem por origem o sucesso do filme "Guardiões da Galáxia", filme norte-americano de 2014 produzido pela Marvel em que a trilha sonora foi o grande destaque. O protagonista "senhor das estrelas" portava a "Awesome Mix Vol. 1": uma copilação de músicas gravadas em um fita pela já falecida mãe. Numa sacada genial, a produtora resolveu então lançar a trilha sonora em fita K7 e a procura foi tamanha que outras trilhas também começaram a ser lançadas no formato.
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Ao que tudo indica, a aquisição das fitas tem sido feita por colecionadores e aficionados por itens de franquias de filmes e música. Até porque, há mais de uma década os aparelhos de som não são vendidos com o compartimento para ouvir K7, o que até dificultaria a execução desse tipo de mídia na atualidade. Se não estivermos enganados, existem no mercado apenas modelos usados de aparelhos com toca-fitas, mas é questão de tempo até alguma empresa voltar a fabricar aparelhos com toca-discos e toca-fitas embutidos.
No Brasil, especificamente, a retomada da produção das fitas começou em maio de 2018 pela Polysom, mas o processo só teve início o após um longo período de preparação, inclusive na busca por aparelhos para fazer a masterização e cópia das fitas. Além disso, a Polysom buscou as novidades tecnológicas do ramo, para poder produzir fitas de artistas como Pitty, Fernanda Takai, Planet Hemp, Nando Reis e Arctic Monkeys.
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A respeito disso, o consultor da Polysom João Augusto comentou:
"Antigamente as fitas não tinham qualidade como as importadas que serão utilizadas agora. Os cuidados eram menores em razão da altíssima quantidade de produção e o controle de qualidade praticamente não existia. O formato em si inspirava desconfiança em quem desejava um som melhor. Nós vivemos outros tempos. O consumidor não aceita mais receber produtos com defeito e ter que improvisar, bobinando fita com caneta BIC, por exemplo (no caso do vinil, havia a indefectível caixa de fósforo ou a moeda que se colocava sobre o braço para o disco não pular). A Polysom está preparada para fornecer fitas em várias cores com som de qualidade e o único fator de dúvida será o equipamento do consumidor, que precisa estar alinhado e com a cabeça limpa."A empresa adquiriu os equipamentos para começar a produção que própria, são eles as duplicadoras Otari e um sistema da marca Kaba. Os equipamentos foram recuperados pelo engenheiro Milton Lange que acredita na volta das fitas K7 de forma significativa.
João Augusto, consultor da Polysom, também compartilha dessa opinião:
"Sempre que falo a alguém sobre a volta dos cassetes, sinto uma fortíssima sensação de déjà vu ao me lembrar do início do retorno do vinil. As pessoas ficam completamente céticas, penso até que algumas consideram que enlouquecemos de vez. Para os que duvidam da existência de novos players, relembro que apenas 2 fábricas em todo o mundo tinham os toca-discos em sua cadeia de produção quando retomamos os discos de vinil. Hoje são mais de 20 marcas ativas, com os mais diversos níveis de qualidade. No caso do cassete, já há equipamentos profissionais e semi-profissionais sendo produzidos por grandes marcas do passado. É apenas uma questão de tempo."
O presidente da gravadora Deck e consultor da Polysom, João Augusto - Folhapress |
Alguns dos primeiros títulos já anunciados pela empresa são "Tranquility Base Hotel & Casino", do Arctic Monkeys, "Usuário", do Planet Hemp, "(Des) Concerto ao Vivo", da Pitty e "Voz e Violão – No Recreio – Volume 1", de Nando Reis. Além desses, temos os lançamentos mais recentes de "O Tom da Takai", da Fernada Takai, "Deus é Mulher" da Elza Soares, "Amenidades" de Lê Almeida, "Ultrassom" do Edgar, entre outros.
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As fitas estão sendo comercializados por 45 reais, algo não muito barato se levar o custo benefício comparado ao vinil. A qualidade de som da fita é bem questionável, o encarte não possui todo aquele encantamento dos vinis, mas existe sim um público para elas, isso é inquestionável, seja por modismo, saudosismo ou colecionismo.
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Olhando de aspecto mais saudosista talvez, as fitas trazem também aquela nostalgia de montar as próprias playlists, oriundas do rádio ou da cópia do vinil, muito antes do streaming disponibilizar aquelas listas imensas e muitas vezes desconexas. Nesse sentido, acredito que alguns poucos colecionadores ainda vão comprar fitas virgens para gravar suas playlists, mas acreditem, esse público também existe.
Por fim, podemos afirmar que, por enquanto, o segmento das fitas K7 ainda será explorado apenas com produtos licenciados, pois será difícil um resgate mais avassalador como aconteceu como vinil, mídia que os artistas e as gravadoras estão investindo mais pesado e que possui uma grande fatia do mercado fonográfico.
Fontes: http://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/
https://www.nielsen.com
https://www1.folha.uol.com.br
http://polysom.com.br/site/